quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma cidade, um homem, um poema...

16 Abr 2008

Modo actual: perplexo



Sim, sou um gaijo do Porto. Represento bibo ou morto
O mau jeito da cidade!


Manuel Artur dos Santos Dias nasceu em 19 de Julho de 1934 na freguesia da Vitória, Porto, tendo iniciado a carreira jornalística em 1965 n'O Primeiro de Janeiro.

Especializado nas áreas de desporto e de cultura, foi jornalista da RTP e autor de vários livros sobre a cidade e o clube de que era adepto, o FC Porto.

Manuel Dias, casado com Preciosa Branco, irmã do actor Óscar Branco, foi também co-autor da peça de teatro "Um Cálice de Porto", representada pela companhia Seiva Trupe.

MENINO DE RUA

Inda eu era pequenino
Acabado de parir
Ganhei asas de menino
Sempre ao policia a fugir.

Ver um filme de cabois
Por 4 paus no Piolho
Era festa de mil sois
Que daba para encher o olho.

Pé descalço
Bola de meia
Reis e rainhas
Pião rodando
Jogo do arco
Castelos de areia
Meninos de rua,
Brincam, bricando,
Brincam, bricando.........

Menina de loura trança
Bizinha da minha rua
Amor, dança, contra dança
Paixão nossa, minha e tua

Agora que sou grandinho
Acabado de crescer
boto o boto bem certinho
A quem me ajuda a biber.

Gente miuda
Liberdade tanta
mesmo de policias
À espreita na esquina
Quem nos impedia de pintar a manta
De biber sonhando
Menino ou menina
Menino ou menina



SOU UM GAJO DO PORTO

Sou um gajo do Porto
Olha a grande nobidade
Represento bibo ou morto
O mau jeito da cidade

Um mau jeito com seus ques
ou bice-bersa é claro
Trocar os Bs pelos Bs
Tem muita graça e é raro

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

Tripas som manjar só nosso
Feitas à moda do Porto
E sabemos dar no osso
Se a coisa dá pró torto.

Cunfeitaria ou café
num suplantam um bom tasco
Ondo balcom semprimpé
Bai do maduro ou do berdasco

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

Perplexo: porque nos dias de hoje,a memória fica curta quando temos que falar de alguém,"muito importante" para: a CULTURA,(Teatro,Musica,Desporto,Literatura,Jornalismo,etc...) e para a cidade do PORTO. Amigo dos colegas que nem sempre souberam retribuir essa amizade de que falo. Falo assim,porque até trabalhei com ele, numa altura em que se era afastado da antiga Radiotelevisão Portuguesa,porque ao sonorizar uma peça desportiva o seu brio profissional o levou a pronunciar a palavra "merda" numa reportagem que não estava a seu gosto e o operador, por azar ou sorte,se esqueceu de apagar.

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto


ATÉ SEMPRE...MANEL.

do Miguel Cerqueira.

1 comentário:

Anónimo disse...

Brilhante, Miguel! Nunca me tinhas contado este episódio.
abrassu
Sergio Castro