domingo, 4 de abril de 2010

Que Páscoa a de 2010!

Desde que tenho posse de razão, há cerca de 5 décadas, que me habituei ao bombardeio ideológico-religioso que nos proibia primeiro, para mais tarde desaconselhar (até à Igreja foi chegando o progresso, ainda que com vagar e algum recato) os “excessos” durante as celebrações da Páscoa. Comer carne era pecado, principalmente se fosse viva e a música e o divertimento eram vistos com estupor pela maioria dos católicos mais fundamentalistas. Dessa forma cresci e me acostumei às sempre desejadas Férias da Páscoa, que nem sempre traziam a tão ansiada paz ao seio familiar, principalmente quando as notas do período não coincidiam com as expectativas dos tutores.
Vi compassos e recordo representações bíblicas que pretendiam exaltar a paixão que os fiéis punham (e ainda põem) nesses actos religiosos, que se multiplicavam pela geografia nacional e preenchiam as manhãs o os telejornais da televisão.
Porém, durante a tarde, a RTP 'brindáva-nos' com filmes bíblicos que contribuiriam, ainda mais, para não deixar esmorecer a mensagem. Quem não se lembra de Ben-Hur, A Queda do Império Romano, Os Dez Mandamentos ou a Bíblia, para só citar uns quantos. Acho que os vi todos e, seguramente, mais que uma vez e sem nenhum critério.
Talvez por isso, anos passados, senti ontem, na Sexta Feira, dita santa, uma inexplicável necessidade de voltar a experimentar algo semelhante. Seria que os meus recém cumpridos 55 anos, me estavam a passar a rasteira do saudosismo pela juventude longínqua?
Corri para o vídeo clube mais próximo e só descansei quando aconcheguei, debaixo do braço, uma cópia de “A Vida de Brian”. Que Páscoa a de 2010!...