O Porto sabe reciclar-se
Autor: Zé Porto
Data: 02-05-2007
Já não se ouve o acordeão. Já por várias vezes por lá tinha passado e reparado que a loja estava fechada e não havia música.
O local, o gaveto das ruas da Conceição e José Falcão, a loja a Arca Velha, uma casa de antiguidades, e a música, do acordeão do senhor Rogério.
Há já muitos anos conhecia o cego que tocava à porta da referida casa de antiguidades, soube há dias, que iria fazer 40 anos que tocava naquele local.
Lembro-me que passava por lá e se tivesse uma moedita para pôr na caixa entabulava uma pequena conversa com o senhor, se “liso”, ficava à distância a curtir uma valsa ou um passe-doble, e depois lá seguia o meu caminho.
A Arca Velha fechou, a loja foi comprada por um fabricante de molduras e quadros da Picaria, e o senhor Rogério está muito mal, problemas de intestinos, e uma intervenção cirúrgica que dizem “não correu nada bem”.
Estive por diversas vezes para fotografar a esquina com o senhor Rogério lá sentado com o seu acordeão nos braços, mas fui protelando, e agora…
Mas o Porto é uma cidade viva…
Embora muitos sejam pessimistas (também quem os manda andar de madrugada debaixo dos viadutos, não é) ao Porto ninguém nica…
Parece que vamos perder o senhor Rogério, mas Os Trabalhadores do Comércio estão novamente aí, com uma nova batida, cheio de coragem para enfrentar a murconsada do Sul.
Força Serjão, anda meu cabeçudo, o Norte precisa de voltar a fazer ouvir a sua voz.
Zé Porto
Está muito bom. O Zé é dos nossos.
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