sábado, 27 de novembro de 2010

MODELO DE PROPAGANDA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.


10 Formas Distintas Para Um Mesmo Resultado

Como por desgraça, temos pouco tempo (e às vezes vontade) para ler, vai-nos valendo esta incessante troca de “galhardetes” que, entre “amigos” do Facebbok, ou simplesmente através da blogosfera, vai ocorrendo. Esta nova forma de cultura de consumo imediato, tem – para além dos perigos da desinformação e da manipulação (também) – a enorme vantagem de alertar as massas e até de as motivar para acções de variada índole. Aqui é onde, em princípio, deve imperar o critério e o bom senso, que nos permita analizar com sentido crítico o que o monitor do nosso computador nos coloca diante dos olhos. Mas será assim, quando a notícia ou a opinião nos entra em casa pela televisão ou aparece escrita nos diários de grande tiragem? Ou será que interiorizámos a ideia de que o que se diz nesses meios, com 'ligeiras distorsões' devidas aos 'lobbies' que os controlam, é, basicamente, a verdade dos factos?
Recordo, a título de anedota, que um dia alguém me dizia que os Trabalhadores iam tocar a um país Africano (ex-colónia Portuguesa), pois tinha “dado na RTP”. Por mais que eu insistisse que isso não era verdade, já que os custos da deslocação da banda e respectivo backline superavam as espectativas, razão pela qual o acordo não se tinha alcançado, não fui capaz de convencer o minha inetrlocutora de que essa viagem não se iria efectuar. É que na tv tinham dito que sim!...
Estaremos a adaptar-nos geneticamente à estupidez? Ou estaremos a ser alvo de um processo de aculturação e lavagem ao Cérebro Colectivo, tão ou mais grave e perigoso que o que se operou, com base nas várias religões, durante épocas medievais?

Noam Chomsky (http://es.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky) é um filósofo, activista, escritor e analista político que se define como anarcosindicalista. É profesor emérito de Linguística e uma das figuras mais destacadas do século XX nesta matéria. Amplamente conhecido e reconhecido pela comunidade científica e académica Americana pela sua extensa obra sobre teoria linguística e ciência cognitiva, Chomsky, que também publicou um livro incómodo sobre o 11 de Setembro, elaborou, no seu mais recente livro “Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas” um autêntico Decálogo de Manipulação Mediática que convém conhecer e que intitulou: Estratégias de Manipulação.
O texto que segue é uma adaptação do que me foi enviado em espanhol.

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controlo social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e dos câmbios decididos pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica da inundação com contínuas distrações e informações insignificantes.
A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais e cativada por temas sem verdadeira importância. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem tempo para pensar: às voltas na quinta, como os demais animais." (in 'Armas Silenciosas Para Guerras Tranquilas')

2- CRIAR PROBLEMAS, E DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
A este método também se lhe pode chamar “problema-reacção-solução”. Cria-se uma situação que previsivelmente causará certa reacção no público, de forma a que seja este a demandar as medidas que se pretende que sejam aceites pela sociedade. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou até organizar atentados sangrentos, com a finalidade de que o público exija políticas e leis para a segurança, ainda que seja em deterimento da sua própria liberdade.
Ou também: criar uma crise económica, para fazer aceitar como um 'mal necessário' o retrocesso dos direitos sociais fundamentais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADUAÇÃO.
Para fazer com que uma medida inaceitável seja aceite, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. Foi dessa forma que condições sócio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo), foram sendo impostas durantes as décadas de 80 e 90:
Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram rendimentos mínimos, em suma, tantas mudanças, que teriam provocado uma revolução, tivessem sido aplicadas todas de uma vez.

4- A ESTRATÉGIA DE DIFERIR.
Outra maneira de conseguir a aprovação de uma decisão impopular é apresentá-la como “dolorosa mas necessária”, obtendo a aceitação pública naquele momento, mas para uma aplicação futura. É mais fácil um sacrifício a prazo que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é realizado no momento. Depois, porque o público – a massa – tende a acreditar ingènuamente que “amanhã tudo irá melhorar” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto proporciona ao público mais tempo para acostumar-se à ideia da mudança e aceitá-la com resignação, chegado o momento de a aplicar.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO A CRIATURAS DE POUCA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes roçando a debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental.
Quanto maior é o propósito de enganar o espectador, mais se tende a adoptar um tom caracteristicamente infantil. Porquê? “Se nos dirigimos a uma pessoa tratando-a como se tivesse 12 anos ou menos, há certa probabilidade de que, por sugestão, responda ou reaja sem apelar ao seu sentido crítico, como faria uma criança.” (in 'Armas Silenciosas Para Guerras Tranquilas')

6- UTILIZAR O LADO EMOCIONAL MUITO MAIS QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional e, finalmente, no sentido crítico do indivíduo. Por outro lado, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente, afim de poder implantar ou enxertar ideias, medos, desejos, temores e compulsões ou, simplesmente, induzir a comportamentos...

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Assegurar que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o controlar e escravizar. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser o mais pobre e medíocre possível, no sentido de aumentar a distância existente entre aquelas e as classes superiores, perpetuar a ignorância das primeiras e garantir que lhes seja impossível o acesso ao patamar seguinte.” (in 'Armas Silenciosas Para Guerras Tranquilas')

8- ESTIMULAR NO PÚBLICO A COMPLACÊNCIA COM A MEDIOCRIDADE.
Promover no seio do público a crença de que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR O SENTIMENTO DE CULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que só ele é o culpado da sua própria desgraça, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades o dos seus esforços. Desta forma, em vez de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo desvaloriza-se a si mesmo e culpa-se, entrando num estado depressivo que, entre outras coisas, inibe a sua capacidade de agir. Sem acção, não há revolução!

10- CONHECER OS INDIVÍDUOS MELHOR DO QUE OS PRÓPRIOS INDIVÍDUOS.
No decurso dos últimos 50 anos, os rápidos avanços da ciência, geraram um fosso crescente entre os conhecimentos adquiridos pelo público e os que possuem e utilizam as elites dominantes.
Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um avançado conhecimento sobre o ser humano, tanto em matéria física como psicológica.
O sistema consegue conhecer o indivíduo comúm melhor do que ele se conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controlo e um poder maiores sobre os indivíduos, que o que exercem estes sobre si mesmos.

Dá que pensar...
Um agradecimento especial ao André Sarbib, que me enviou o texto original.
Pareceu-me importante adaptá-lo e difundi-lo, pois cada vez mais sinto que o cerco (e o cinto) se aperta.

1 comentário:

muguele disse...

Ou o gajo andou a estudar o caso português ou os governantes cá do sítio decidiram "aplicar a cartilha toda". Como diz o outro, é "cada tiro, cada melro".

Abraço
Mug