quarta-feira, 21 de outubro de 2009

INSÓLITO, OU TALVEZ NÃO!...

Pois no Sábado passado aconteceu algo insólito, mas o insólito em Portugal pode ser considerado tudo menos insólito, que o diga o "profeta" Pina Santos (na foto).
Num país que esgota os bilhetes para um concerto dos U2 em Coimbra a um ano de distância, dando um espectáculo de filas intermináveis de jovens dos 15 aos 50 anos, às portas dos pontos de venda (dormida in situ incluída), ou a um povo que perde o tempo e as estribeiras com uma reunião televisiva (recuso-me a classificar aquilo de programa) de 5 pitos carecas em Saia Justa para exultar de júbilo com a demonstração de ignorância e humor ordinário da Maite Proença, já não há nada que possa parecer insólito. Realmente insólita é a reacção nervosa do rebanho em ambos os casos. No caso dos U2 é no mínimo curioso tanto a estampida criada como que, depois de esgotados os bilhetes, se anunciasse um segundo concerto, que já estava de alguma forma previsto. No caso do “escândalo” Maite P. (o P. é intencional, para que cada um termine a palavra como melhor lhe sirva – à “diva”), o verdadeiramente insólito é que se gaste tempo a ver algo parido pela cabecinha de uma actriz medíocre que criou fama à custa da cama e que, como humorista e apresentadora, deixa bastantes dúvidas, e ainda mais que se gaste tempo a escrever e a discutir sobre o assunto. Por isso acabou, não falamos mais nela. Embora deva reconhecer a dificuldade que os portugueses têm para se rir de si próprios – um exercício saudável e altamente recomendável – praticado até aos mais insuspeitos limites pelos nossos “antepassados” dos filmes da Produtora Tobis. Alguém se zangou com o personagem do “amigo Barata” no Leão da Estrela?
O que temo é que em tempos de crises económicas – às quais costumam suceder crises de identidade – os fundamentalistas da pátria, talvez por não ter muito mais em que ocupar o tempo, se lancem, ante estas “afrontas à dignidade nacional”, em cruzadas inúteis, cujos únicos resultados possam ser criar discussões estéreis e deixar em ridículo aos protagonistas. Já tínhamos tido suficiente com o último esforço revolucionário de M. Ferreira Leite, reivindicando a independência de Portugal e querendo correr do país com os Migueis de Vasconcelos instalados no poder.


Pois o caso insólito do passado Sábado foi o concerto dos Trabalhadores do Comércio em pleno Porto velho, ao lado da Torre dos Clérigos. Só e apenas porque o João Medicis não esteve lá. Insólito porque nunca nos passou pela cabeça que voltasse a acontecer. Em 1982, uma febre de 40º tínha-o impedido, à última hora, de estar presente no concerto em que fazíamos a primeira parte de Peter Hammil no pavilhão Infante Sagres e realmente a reacção do 'pobo' não foi a melhor quando anunciei o incidente. Tinha ele então 10 anos.
Desta vez, no Porto Sounds, a coisa correu bem melhor e, para isso, contribuiu o impecável trabalho do nosso amigo e excelente profissional João Ricardo (ex-Amarguinhas, ex-Banda de Poi, na Galiza e actualmente parte da também galega Jabonblue) ajudado pela insuficiente iluminação do palco. O facto de que este último tenha sido baptizado com a mesma “designação” que o original poder-nos-ía ter permitido escamotear o problema, mas o comércio ainda não nos deteriorou as neuronas a esse ponto e não só apresentamos o JR no seu cargo (que cumpriu com honra, lealdade e dedicação – já gostaría muito ministro) como aproveitámos para enviar um emotivo abraço (com um leve apertão de pescoço) ao Medicis, que estava em Londres a roer as unhas (ou as palhetas) por não estar ali connosco.
A mais recente que nos tinha ocorrido pelo estilo, tinha sido em 2005, quando, à última da hora, “deportaram” o Miguel para Paris (num trabalho da RTP) e, em cima do acontecimento o lugar teve que ser preenchido pelo Paulo Filipe. Foi no concerto comemorativo dos 10 anos do “renascimento” do Coliseu. Acto seguido o Paulo Filipe estava a participar no álbum Iblussom.
O que significa que todas estas experiência acabam por ser enriquecedoras ao mesmo tempo que aumentam a “família”.
Passem muito bem.


De manhá a Marta Ren bai ó pom.
em baixo os bailarinos Ines Trabajara e Fernando Leal.
(FOTOS de Nuno Machado)

1 comentário:

Danieltercio disse...

Trabalhadores SEMPRE !