terça-feira, 9 de março de 2010

Bem aí outra bez o carro de bôis!



O governo “sushi à lista” acaba de “desvendar”, com a pompa e circunstancia que o evento merece, o pacote de medidas anti-crise que traz incluída a solução para os problemas de todos os portugueses (?!?).
Não sei se por obra da atrás citada ou se porque os senhores deputados são mesmo assim, as imagens transmitidas pelas televisões das reuniões que mantiveram os representantes dos partidos com assento (pouco gasto) e o PM, acompanhado pelo nosso conterrâneo Teixeira dos Santos, mostravam um formalismo e uma falta de calor humano, que não presagiam nada de bom. Eu sei que esta gente quando se encontra nem sequer recorda o nome da cada um (técnica básica para qualquer vendedor de enciclopédias), nem falta lhes faz, já que, invariavelmente todos hão-de ser doutores ou engenheiros e assim se irão tratar, convencidos que isso lhes traz alguma vantagem sobre os restantes interlocutores. Não sugiro que se abracem efusivamente, mas uma cisca de humor não faz mal a ninguém e até podería, eventualmente, ajudar a resolver problemas do trato intestinal de que alguns, pela cara que põem, seguramente sofrem.

UMA VEZ MAIS ESTÃO A IR-NOS AO PACOTE
Mas no fundo, o que nos deve preocupar é esta súbita viragem no rumo da governação, pois onde disse “digo” agora digo “diego” e lá nos vão ao pacote uma vez mais. Refiro-me, obviamente, ao pacote de medidas, aparentemente tão fundamentalmente necessárias para aumentar a “falta de desemprego” – um conceito novo ao que devemos habituar-nos – e que nos tinha dado momentaneamente essa alegria de ver a distância temporal entre Porto e Vigo (e Coruña) diminuida. Creio que em alguma ocasião, sem afano de dar razão à oposição, eu tinha estado de acordo que um TGV para a linha Porto-Lisboa era um despesismo redundante nestes tempos, da mesma forma que o equivalente entre o Porto e a grande urbe galega era uma necessidade e uma obrigação moral para com as gentes desta grande região europea a norte e a sul do rio Minho, para cúmulo corroborada pelo governo autónomo galego e até já acordada e agendada pelos executivos centrais de ambos países. Outro galo canta já quando se fala em TGV, pois uma distância de 140km, num país de parca economia, faz-se com a rapidez adequada num talgo pendular, tal como se tem feito, até à data, o percurso Lisboa-Porto. Mas apesar de tudo isto e das fundadas críticas de varios “alcaides” e dirigentes nortenhos, Madrid-Lisboa vai poder fazer-se em TGV a partir da data prevista, enquanto que os demais projectos se suspendem temporariamente por falta de verba.
Tentando aproveitar o mote, poder-se-ía dizer que o país anda a duas velocidades ou, como há quem prefira, que existe dualidade de critérios. A mim parece-me que, postos a “ajustar o cinto” se acabam de desobrir duas formas de o fazer: ou abrir mais um furo na direcção da fivela e apertar, ou meter mais para a blusa e aumentar o volume à já farta barriga.

1 comentário:

João Médicis disse...

Com a imbecilidade acrescida de se justificar o desvio do investimento com o maior número de oportunidades existentes no novo alvo das verbas em causa, e o menor nas alternativas, não reconhecendo que uma é consequência da outra. Ou talvez, criminalmente, reconhecendo isso mesmo - que francamente é o que me parece acontecer.

Mas como dizes, distribui-se igualmente o esforço do apertar de cinto. Uns fazem mais um furo, outros enchem a blusa.