segunda-feira, 30 de novembro de 2009

No colo do Douro-Parte 1

Porque será que nos continuam a roubar à má fila? Nem os vizinhos do lado, que até são do mesmo clube, entendem já patavina.

É obvio que é SÓ porque vamos deixando. Íamos poder ligar todo o litoral norte com um TGV em 2012 – continuo a pensar que bastava uma linha consistente, com dois sentidos e umas quantas composições tipo Talgo Pendular – e, pelo que li há uns dias, já só vai acontecer 3 anos mais tarde. Parece que a “crise” gera falta de verba e o cacau só vai chegar para o Lisboa-Madrid. Dejá vue?

Estará essa mesma crise na origem do fecho do polo universitário de Miranda, onde “apenas” 400 alunos estavam inscritos em Antropologia e/ou Serviços Sociais? É só uma questão de prioridades. Em terras que reiteradamente perdem população jovem e assistem impotentes ao envelhecimento da que vai ficando, um curso de Serviços Sociais tería utilidade?

Aqui em Miranda, onde têm e se orgulham disso, uma língua própria – aliás, como nós – têm também música, tem arte e têm até uma dança guerreira, de homens vestidos com saias, que com paus e passos de arte marcial, vão deixando um recado que não é só para turista ver.

Nós viemos cá porque é ponto assente que apreciamos a coragem de ainda viver tão isolado nestas terras cuja magia sempre nos vai atrair. Aqui, onde Portugal perde o nome nas águas do Douro indeciso e onde os sotaques e as expressões se misturam, encontrámos a essência do Norte, que se cultiva desde muito cedo, da qual, se a tanto nos ajudar o engenho e a arte, tentaremos deixar testemunho neste vídeo de “No colo do Douro” que cá nos trouxe.

No Sábado à noite, depois de uma exibição dos Pauliteiros na Escola Primária do centro de Miranda, convidaram-nos para ir ao Atalaia, onde uma festa de apresentação de música autóctone viria a ter lugar. Os Gaiteiritos deixaram-nos francamente impressionados. Não têm mais de 13 anos e tocam assim.

Terminada a actuação, um par de copos mais tarde e ganha a confiança de alguns dos presentes, comentávamos, entre aventuras e memórias, o curioso e sintomático que é ver como uns tipos que não conseguem arrumar a casa, dão ares de entendidos em cimeiras para “arranjar” o mundo, pagas com os nossos impostos. Na verdade, ouvir o PM, na abertura da Cimeira Ibero-Americana a falar da importância das regiões e das comunidades, tem sabor a realidade virtual.

Pensem nisso.

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