sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A 1ª HORA DE 2009


Apesar dos 4 convites para tocar com os Trabalhadores no Fim d'Ano, um deles por triplicado, por esta ou por aquela razão, acabamos por não chegar a nenhum acordo: coisas da “crise”. Assim que uma possível solução era ir por aí “distribuir” notas de 50 (ou de 100) ou, o que é pior, assinar talões de pagamento por VISA. Uma terceira alternativa era ficar por casa e por ela optámos. No fundo uma opção muito em consonância com os hábitos galegos e espanhóis em geral, pois neste país muita gente faz um jantar familiar, passa o ano no aconchego do lar, na espectativa de não se atragantar com as 12 uvas da praxe* e então depois – só depois de se certificar que o ano entrante vem com boas intenções e que os vizinhos suspenderam o “bombardeamento” do primeiro minuto** – saem de festa.
Assim sendo, passámos a nossa primeria hora de 2009 em companhia do ecrã, zapeando entre a RTP Internacional (saudades de emigrante) e a TVE1. E nisto tive o primeiro mau pressentimento sobre 2009.
Já todos sabíamos que os bancos nos “roubavam” com mais ou menos descaramento desde tempos imemoriais, mas só em 2008 é que a maioria tivemos verdadeira consciência não só dos métodos aplicados, das quantias em jogo e, principalmente, da impunidade com que o fazem (e seguirão). Mas francamente pareceu-me um sarcasmo de mau gosto que a TVE tivesse o atrevimento de permitir à Mastercard não só anunciar no fulcro da viragem mas, e ainda por cima, permitir que os dois ZEROS de 2009 colocados sobre o relógio da Puerta del Sol de Madrid fossem os dois círculos do símbolo do producto.
Na esperança de ver algo mais imaginativo e prometedor mudámos para a RTPI. De repente pareceu-me que aquela “Espécie de Reveillón” do ano anterior tinha sido um programa “genial” e isso não era bom sinal.
Cavalheiros! Chega de OT, chega de “A Minha Geração” (ao qual recusámos ir – não fomos os únicos – por nos parecer um programa fraco e não concordarmos que nos impusessem o guião). Meus senhores, mudem de productores, de realizadores, de director se for preciso, mas puxem pela cabeça controlando os intestinos! Por favor!
E já agora a BT (ou qualquer nova autoridade criada expressamente pelo governo) devería começar a realizar provas de alcolémia à ENTRADA DOS PROGRAMAS para que nos poupem ao espectáculo triste...
Na Praça América de Vigo a festa continuava animada, apesar da chuvinha intermitente.

Que o resto de 2009 seja muito mais feliz para todos!

Sergio Castro

*Este costume, bem típico (e julgo que exclusivo) da España, remonta a 1909, um ano especialmente fértil em colheita de uvas, a tal ponto que os vinicultores da zona mediterrânea tiveram a brilhante ideia de distribuir o excedente pela população, convencendo-a de que comer 12 uvas durante as badaladas da meia-noite que assinalam a transição entre o ano que acaba e o que começa traría sorte a quem o fizesse. Tal deve ter sido o resultado que passados todos estes anos a tradição ainda se mantém. É mais dificil do que pode parecer e mais do que um já se entalou.
** Outro costume curioso e com diferentes riscos é o de vir à janela no primeiro minuto do novo ano, despejar uma mão cheia de petardos, dos mais ruidosos possível, sem se olhar a quem passa nem se preocupar com os veículos estacionados. Uma boa parte destes dispara o alarme com algumas das ondas expansivas e então a paisagem sónica ja é de guerra civil.

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