segunda-feira, 21 de abril de 2008

uma noba bersom du "Chamem a polícia"

Não sou exatamente o protótipo do tipo que vai em "fetubóis", mas tenho que confessar, que ontem dei comigo a olhar para um plasma à mesma hora que cometia outro simultâneo "pecado": comer uma picanha com tutu de minêro (feijão preto) mesmo ali ao lado de casa, em Leça.
Normalmente fujo dos restaurantes e cafés que, por hábito, me moem a mioleira com a Sport TV a debitar decibéis a despropósito, mas ontem, por comodidade e quase sem mudar as pantufas, acabei no Grade em Brasa a "mandar prá belusa".
E foi precisamente naquele espaço de tempo que mediou entre o primeiro e o segundo golos enfiados magistralmente por um tal Lisandro na balisa do Benfica de Lisboa.
Sem dúvida que quem joga assim não é manco e eu, que não entendo (nem pretendo) nada de futebol, creio ter visto nesses minutos o resumo do tricampeonato do FCP.
O que não me passava pela cabeça é que passasse o que passou: que os 50 e pico mil que ontem lá estavam no Dragão se puesessem a cantar "a capella" o refrão do Chamem a polícia.
Nem a mim nem ao resto da "plantilha" do Comercio.
Para quem, como nós, não esteve lá, aqui fica o testemunho recolhido por um oportuno "reporter".



Entretanto, a coisa tomou tais proporções, que a gaudio de uns e para moléstia de outros, foi uma das notícias da jornada em jornais desportivos e blogs variados:

Jornal O JOGO

"Chamem a Polícia"

Assim que soou o apito final, as instalações sonoras lançaram o clássico "Chamem a Polícia", música popularizada pelos Trabalhadores do Comércio na década de 80. Um clássico, recuperado nos últimos tempos para fins publicitários, mas que, ontem, trazia mais água no bico. É que, depois do jogo que o Benfica empatou no Bessa, há duas semanas, Luís Filipe Vieira tinha pedido intervenção polícial no futebol português, sugerindo a entrada da Polícia Judiciária em campo. Não entrou, mas mandaram chamar.


Reflexão Portista
Chamem a Polícia!
No final do jogo, ... o speaker do Dragão brindou aquela enorme plateia com o “Chamem a Polícia!”, o célebre tema dos “Trabalhadores do Comércio”.
http://reflexaoportista.blogspot.com/2008/04/chamem-polcia.html
e alguns dos respectivos comentarios:
A música 'Chamem a polícia' mal acabou o jogo. Na mouche!
Ou
A festa foi bonita. O Chamem a Polícia : a cereja em cima do bolo.

Fair Play Blog
http://fairplay-b.blogspot.com/2008/04/chamem-polcia.html

diario.iol.pt
Vale tudo, até mandar chamar a polícia
Até final só deu festa. Começou tarde, mas ficou sem hora para acabar. Os adeptos do F.C. Porto saíram do estádio de sorriso nos lábios, provocado também pela despedida ao som do «Chamem a polícia», dos Trabalhadores do Comércio.
http://diario.iol.pt/desporto/maisfutebol-benfica-fc-porto-cronica-futebol-classico/942820-4062.html

http://blogportista.com/chamem-a-policia-ai-ai-ai/

Dragão Pentacampeão
4ª - O sonoplasta do Dragão merece este destaque por ter colocado logo a seguir ao apito final a música dos Trabalhadores do Comércio «CHAMEM A POLÍCIA, OH OH OH, CHAMEM A POLÍCIA» (As minhas desculpas a tão ilustres trabalhadores pela primeira incorrecção)(*)
http://dragaopentacampeao.blogspot.com/
(*)este mesmo bloguista parece ter sido o que no glorificou com o título de Heróis do Comércio. Em tempos de tanto Centro Comercial novo a abrir, qualquer do gremio tem que ser um “herói” para aguentar.

Relvado/aeiou.pt
Chamem a polícia, au au au
Ouviu-se no fim do jogo, nos holofotes (?!) que são responsabilidade da organização, isto é, da direcção do Futebol Clube do Porto. Que giro! O Porto mudou de hino. Acho que sim, acho que vos acenta que nem uma luva!
http://relvado.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=rv.results/4279

Esta para mim é a melhor, pois apresenta uma nova tecnologia desconhecida

abrassu

Serjom

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Uma cidade, um homem, um poema...

16 Abr 2008

Modo actual: perplexo



Sim, sou um gaijo do Porto. Represento bibo ou morto
O mau jeito da cidade!


Manuel Artur dos Santos Dias nasceu em 19 de Julho de 1934 na freguesia da Vitória, Porto, tendo iniciado a carreira jornalística em 1965 n'O Primeiro de Janeiro.

Especializado nas áreas de desporto e de cultura, foi jornalista da RTP e autor de vários livros sobre a cidade e o clube de que era adepto, o FC Porto.

Manuel Dias, casado com Preciosa Branco, irmã do actor Óscar Branco, foi também co-autor da peça de teatro "Um Cálice de Porto", representada pela companhia Seiva Trupe.

MENINO DE RUA

Inda eu era pequenino
Acabado de parir
Ganhei asas de menino
Sempre ao policia a fugir.

Ver um filme de cabois
Por 4 paus no Piolho
Era festa de mil sois
Que daba para encher o olho.

Pé descalço
Bola de meia
Reis e rainhas
Pião rodando
Jogo do arco
Castelos de areia
Meninos de rua,
Brincam, bricando,
Brincam, bricando.........

Menina de loura trança
Bizinha da minha rua
Amor, dança, contra dança
Paixão nossa, minha e tua

Agora que sou grandinho
Acabado de crescer
boto o boto bem certinho
A quem me ajuda a biber.

Gente miuda
Liberdade tanta
mesmo de policias
À espreita na esquina
Quem nos impedia de pintar a manta
De biber sonhando
Menino ou menina
Menino ou menina



SOU UM GAJO DO PORTO

Sou um gajo do Porto
Olha a grande nobidade
Represento bibo ou morto
O mau jeito da cidade

Um mau jeito com seus ques
ou bice-bersa é claro
Trocar os Bs pelos Bs
Tem muita graça e é raro

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

Tripas som manjar só nosso
Feitas à moda do Porto
E sabemos dar no osso
Se a coisa dá pró torto.

Cunfeitaria ou café
num suplantam um bom tasco
Ondo balcom semprimpé
Bai do maduro ou do berdasco

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

Perplexo: porque nos dias de hoje,a memória fica curta quando temos que falar de alguém,"muito importante" para: a CULTURA,(Teatro,Musica,Desporto,Literatura,Jornalismo,etc...) e para a cidade do PORTO. Amigo dos colegas que nem sempre souberam retribuir essa amizade de que falo. Falo assim,porque até trabalhei com ele, numa altura em que se era afastado da antiga Radiotelevisão Portuguesa,porque ao sonorizar uma peça desportiva o seu brio profissional o levou a pronunciar a palavra "merda" numa reportagem que não estava a seu gosto e o operador, por azar ou sorte,se esqueceu de apagar.

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto


ATÉ SEMPRE...MANEL.

do Miguel Cerqueira.

domingo, 13 de abril de 2008



Morreu, anteontem, com 73 anos, Manuel Dias, mais conhecido por "Manel Dias, do Janeiro". Vítima de doença que o afectava há mais de um ano, o jornalista foi, indiscutivelmente, um nome de referência no jornalismo cultural e desportivo do Porto, cidade onde nasceu e viveu.
Manuel Dias era um adepto ferrenho do F.C.Porto e foi autor de vários livros sobre a história do clube.
Além de ter trabalhado em "O Primeiro de Janeiro", Manuel Dias passou pela redacção da RTP/Porto, onde se destacou nas reportagens desportivas.
O interesse pela cultura também se evidenciou na sua função profissional, tendo sido responsável por esta área no "PJ".

Foi autor de um sem-número de livros, essencialmente de entrevistas e de ensaio, e esteve ligado a diversas associações culturais do Porto. O teatro também ocupou parte da sua vida, tendo escrito diversos guiões para peças teatrais, sendo co-autor de "Um cálice de Porto", exibido durante várias temporadas pelo Seiva Trupe.
* Justamente desta peça eram parte integrante "Menino de rua" e "Sim, sou um gaijo do Pôrto", com música minha. Foi uma incrível experiência, naqueles anos, ter tido o previlégio de conhecer este personagem incontornável da nossa cultura e, principalmente que me tivesse entregado, de forma tão incondicional, esses dois poemas tão autênticos e cheios de uma vida cheia.

Nada melhor que esta multi-interpretação de um desses temas para assinalar tão triste acontecimento. Os Trabalhadores estão lá em espírito.



Daqui o nosso gandabrassu aos familiares do Manel

Sérgio Castro (em nome de todos os Trabalhadores)

*in JN 12/Abril/2008

sábado, 5 de abril de 2008

terça-feira, 1 de abril de 2008

A visão de um Rei.

Reparem bem no "pedal" deste elemento, que por amor à causa, era capaz de qualquer feitoria

Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo

SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO

(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)


"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".

Mas o Rei, que era um tipo com bom senso e, já na altura se debatia com problemas políticos de envergadura (qual Ministro do Trabalho a tentar escamotear o sempre crescente desemprego) teve a ideia genial de discordar da Justiça. E o resultado foi:

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".

Ora aqui está uma boa forma de dar que fazer a um pirilau irrequieto, evitando ao mesmo tempo uma desavença indesejável com a Sagrada Instituição que, já naquela altura, e apesar de comer do erário público (como hoje) tinha poder para fazer tremer os alicerces do estado mais sólido (como hoje). Isto era um Rei com visão.